Vínculo, ordem e equilíbrio

19 de janeiro de 2025

As relações humanas implicam dar e receber, o que é evidenciado na prestação de serviços e em qualquer troca comercial. Quem dá, tem o direito de reivindicar; e quem recebe, de dar algo em troca, o seu preço. Tudo tem que encontrar equilíbrio.

Aqueles que reconhecem tudo o que lhes é dado e utilizam esse fluxo constante de energia criativa para criar, distribuir e construir relações em que a abundância é sentida e replicada à sua volta, contribuem naturalmente para o equilíbrio; Outros, pretendem preservar a inocência negando-se a entrar no jogo e preferem fechar-se a receber, pois assim não ficam obrigados a dar. Vivem restritos, sentem-se descontentes, sozinhos e vazios e justificam a recusa alegando que o que receberam dos outros não foi o certo ou não foi o suficiente, apelando aos defeitos da pessoa que deu. Ou aos defeitos do Governo, que não legislou. Entretanto, o resultado é sempre o mesmo. Não se dá o suficiente e não se recebe o suficiente e o juíz interno, esse, não dá descanso e a prosperidade não fica.

O desequilíbrio e a injustiça dão-se pelo facto de o ser humano ter crenças inconscientes que o fazem obstinar-se no seu direito de cobrar algo de volta e, em vez disso, assumir atitudes de: “é melhor ficar a dever-te do que ficares tu a mim, assim sinto-me maior do que tu”, ou, pelo contrário, “é melhor ficares tu a dever-me do que eu a ti, assim sou uma vítima e por isso sou superior e maior do que tu (noutro sentido)”. Estas pessoas normalmente encontram-se, relacionam-se, apegadas à sua própria escassez ou superioridade, e zangam-se entre si ou deixam de relacionar-se, pois houve desequilíbrio na relação.

O que mais importa é a satisfação que sentimos com o nosso nível de investimento, que deveria ser constante. Se cada um der sempre o seu melhor, tem uma sensação de leveza, de liberdade, de serviço e conexão que lhe pertencem, mas que pensa que o outro lhe tira quando a experiência e a auto-estima não são sólidas e, para aprender um pouco mais, entra numa relação em que existe um desnível irrevogável entre quem dá e quem recebe, fazendo-o sentir-se desvalorizado. Pior ainda, quando alguém obtém vantagem às expensas do outro e aquele fica com a necessidade de obter uma compensação pela sua dor de desvalorização, de injustiça e de impotência.

Estas necessidades passam a concriar todas as relações do mesmo tipo, reforçando as crenças de escassez, fazendo com que se dê o mínimo possível pelo risco de não receber a justa compensação pelo valor e pelo investimento disponibilizados. E assim funciona o mundo. Aliás, o primeiro princípio que me foi ensinado na primeira aula de Economia foi o princípio da escassez. O segundo foi o da liberdade.

Acerca desta, um discípulo perguntou a um mestre: “Diga-me, o que é a liberdade?”, “Que liberdade?” perguntou o mestre. “A primeira liberdade é a estupidez. A segunda é o arrependimento. A terceira é a compreensão. Ela sucede à estupidez e ao arrependimento. “Isso é tudo?” perguntou o discípulo. O mestre respondeu: “Algumas pessoas acham que buscam a verdade das suas almas. Contudo, é a alma que procura respostas através delas. Como a natureza, ela pode permitir-se muitos erros porque substitui sem esforço os maus jogadores. Mas àquele que compreende a experiência e se deixa fluir como um rio ela concede uma certa liberdade de movimento e une a sua força à dele.” (in Hellinger, 2020, O Amor do Espírito)

Depois de nos sentirmos livremente estúpidos e arrependidos, podemos sempre escolher a compreensão e o amor. É através da forma que damos ao nosso trabalho (amor) e dos nossos relacionamentos que experimentamos a consciência, pois todas as ações produzem efeitos e todos temos o discernimento para perceber se somos bons jogadores e se contribuímos para o equilíbrio. Neste jogo existem três condições: o vínculo, o equilíbrio e a ordem. Cada uma delas tenta impor os seus objetivos e complementa as outras. O jogador que as compreende vai perceber que todas elas precedem o fluxo e o possibilitam. Vai perceber que sem ordem, sem uma forma, o seu trabalho é como uma torneira de água aberta sem um jarro que a contenha. Não passará de desperdício.

Tudo isto, para dizer que todos estamos sujeitos a uma Ordem Divina, a um nível de hierarquia e um nível de liberdade que alcançámos. Se esse nível de liberdade nos permitiu construir jarros para outras pessoas distribuirem água, se criámos algo novo e partilhamos o nosso conhecimento e a nossa experiência, tudo isso faz parte do que damos e temos prioridade em receber. Quem vem a seguir já encontra jarros feitos à medida e a vida facilitada. Se os jarros existentes não são adequados à nossa água, a vida está a dar-nos a possibilidade de criarmos uns que o sejam e de os partilharmos com o mundo. Haverá certamente mais pessoas que vão gostar dos nossos jarros e pretender usá-los.

Tomemos então a liberdade de compreender que estamos aqui no papel de jogadores sujeitos a sermos usados por uma Ordem invisível que, através de experiências dolorosas, nos fez inventar ferramentas de ordem, como contratos. Ainda presa a feridas de abandono, injustiça, rejeição e crenças de escassez, a sociedade precisa de uma autoridade externa que imponha uma justiça ilusória que se paga com dinheiro e faz sentir uma falsa segurança e um falso equilíbrio entre o dar e receber de cada relacionamento. Apesar de a Ordem repor por si mesma o vínculo e o equilíbrio aos jogadores, mais cedo ou mais tarde. Não é esse contrato que repõe as três condições (vínculo, equilíbrio e ordem), mas gera limites e ameaça com penalizações materiais, o que tem alguma eficácia dissuasória. Assim, de modo a nos condicionarmos numa sociedade caótica que não aprendeu ainda a organizar-se por grandes princípios e ignora a Ordem Divina, é útil estabelecer condições de troca através dos preceitos comuns de um contrato. Enquanto este não existir em determinados serviços, continuam os indivíduos sem auto-estima a desperdiçar tempo e trabalho num caos que não serve a ninguém, ou que serve aqueles que apenas querem receber e que, por isso, se valem da falta de vínculo em seu benefício. Na sua consciência, com a desculpa de não terem recebido o suficiente e de não serem obrigados.

Respondendo à leitora dO Agente Funini, se tens água, procura um jarro antes de começares a distribui-la e, se ele não existe, aprende a fazê-lo à tua maneira. Não copies os outros e não o faças com o objetivo de ganhar dinheiro, mas sim de seres uma fonte do teu próprio valor, que sendo em primeiro lugar reconhecido por ti, através de um compromisso, também o será pelos clientes.

Assim nasceu, há quase dez anos (vinte desde que foi pensado), o serviço exclusivo ao comprador da LOBA, um jarro que cumpre eficazmente uma função entre quem tem conhecimento, tempo e recursos para dar e quem os recebe e paga por isso. E, como dizia a landing page que precedeu o site:

“Tão simples. E tão à frente.”


Sandra Viana

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